O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais de 2018 deu entrevista com exclusividade a TV Record nesta segunda-feira (29). Ele abordou diversos temas, desde a revogação do estatuto do desarmamento, a privatização das estatais consideradas "deficitárias" e o juiz federal Sérgio Moro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Sobre a oposição, Bolsonaro defendeu a participação de todos. "Vamos governar para 208 milhões de pessoas. O Brasil está mergulhado na mais profunda crise, não vai ser uma pessoa ou um partido que vai tirar o país dessa situação. Precisamos da ajuda de todos".
Sobre as reformas iniciadas pelo governo Temer, Bolsonaro afirmou que pretende fazer uma transição harmoniosa. "Semana que vem estaremos em Brasília, como o presidente Temer. Tentaremos conversar sobre as reformas que estão sendo propostas e buscar uma maneira de evitar as ditas pautas bombas. Estamos com defcit mosntruoso nas contas. Não podemos aumentar isso".
Ele também defendeu a reforma dos gastos públicos. "A conomia já está deficitária. Não adianta querer revogar porque não tem como investir mais no Brasil. O mais importante é destravar a economia. Buscar que os empresários tenham meios de empregar com menos burocracia”.
Bolsonaro afirmou que pode indicar o juiz federal Sérgio Moro como ministro do Supremo Tribunal Federal. “Agora que passou o período eleitoral eu posso falar, e não vai parecer oportunismo. Eu pretendo indicar sim (Moro para o Supremo). Ele seria de extrema importância para um governo como esse”.
Sobre as minorias, Bolsonaro afirmou que vai lutar por uma igualdade onde todos fiquem satisfeitos. “Nós somos todos, segundo o artigo quinto da Constituição. Não podemos pegar certas minorias e achar que têm superpoderes. Se conseguirmos igualdade, todos estarão satisfeitos”.
Bolsonaro criticou a supervalorização do Mercosul e a presença da Venezuela no bloco econômico. “Ninguém quer implodir o Mercosul, mas queremos dar a devida estatura para ele […] Pelas cláusulas democráticas, a Venezuela não poderia participar do Mercosul”.
Bolsonaro defendeu seu vice, o general Hamilton Mourão. “Nem eu quero um vice decorativo. Nós somos soldados do Brasil. Ele é uma pessoa extremamente gabaritada, tem uma bagagem cultural muito grande. Apenas faltava uma malícia para conversar com a imprensa […] Não há nenhum atrito com o General Mourão. Mais que vice, será um conselheiro nosso de primeira hora para qualquer momento”.
Bolsonaro afirmou que a liberdade de imprensa se limita ao poder dos telespectadores e leitores. “Quem vai impor limites é o leitor. Tem certos órgãos de imprensa que caíram em descrença nas eleições e por si só estão perdendo assinantes ou telespectadores”.
Ele também defendeu a autonomia das casas legislativas ao responder uma questão sobre a governabilidade do Congresso. “Geralmente, o presidente não se mete nesta questão, senão ganha inimigos eternos no Congresso. Gostaríamos que não lutássemos pela presidência da Câmara. Seria um gesto de humildade da nossa parte, gostaríamos que todos participassem do governo”.
Bolsonaro também se propôs a dialogar com os demais candidatos que concorreram nas eleições desse ano. “Eu converso com eles. Apesar da campanha de um e de outro ter sido muito agressiva, e não de forma construtiva, eu relevo isso tudo e estou pronto a conversar com qualquer um deles”.
Jair Bolsonaro defendeu a revogação do estatuto do desarmamento. “A orientação nossa é que a necessidade está orientada pela situação da segurança pública. Queremos trabalhar pelo porte definitivo para o cidadão […] O porte de armas de fogo tem que ser flexibilizado também. Por que um caminhoneiro não pode ter uma arma com ele, por exemplo?”
Quando perguntado sobre o aumento de incidentes envolvendo brigas com arma de fogo no Brasil, Bolsonaro respondeu: “Se for pensar dessa maneira, tem que proibir dirigir carro no Brasil. Quem quiser ter uma arma, tem que ser responsabilizado por ela. Quem quer fazer maldade não precisa comprar arma no mercado. E fácil adquiri no mercado paralelo. Temos que abandonar o politicamente correto. Mais do que garantir a vida, uma arma de fogo garante a liberdade do povo”.
Bolsonaro afirmou que a privatização deveria começar pelas empresas deficitárias. “Pelas deficitárias. Tem algumas estatais que não vão bem das pernas pelas indicações políticas. Tudo aquilo que não for obrigação do estado, temos que parir para a privatização”.