Regras do Twitter afetam robôs que monitoram políticos e órgãos públicos

A batalha do Twitter contra contas falsas e robôs que espalham spam está começando a afetar também a operação dos “robôs do bem”, usados para vigiar gastos públicos e monitorar políticos, por exemplo.

No Brasil, ao menos 4 deles tiveram a permissão para enviar mensagens automáticas revogada nas últimas semanas. Um deles é a Rosie, robô com mais de 40 mil seguidores, conhecido por monitorar e apontar gastos suspeitos de parlamentares, com base nas informações do Portal da Transparência.

A maioria das contas já conseguiu retomar as postagens, mas com limitações.

O país é o terceiro com mais "bots", como as contas-robôs também são chamadas, segundo a empresa especializada em segurança digital Symantec.

Esses "bots" passaram a ser alvo do Twitter porque a maioria é utilizada para espalhar spam, tentando difundir desinformação ou influenciar eventos e eleições de maneira negativa. Mas a filtragem tem atingido também contas que têm a função de prestar serviços.

Ao G1, o Twitter afirmou que tem regras que determinam os comportamentos e conteúdos permitidos na plataforma, incluindo as de automação.

"Violações a essas regras estão sujeitas às medidas cabíveis”, disse a empresa, em nota. Segundo dados divulgados pelo próprio Twitter, em maio do ano passado a rede social removeu 214% mais contas do que no ano anterior. E o número atual de denúncias de spam na plataforma é 45% menor do que era em 2017.

Rosie

Após o bloqueio do Twitter, os desenvolvedores da Rosie conseguiram reaver a permissão de enviar mensagens automáticas, mas não podem mais marcar parlamentares e nem a Câmara dos Deputados nas postagens, como faziam antes.

"O Twitter diz que nós fazemos spam, o que nós entendemos que é totalmente contrário ao ordenamento legal que existe no país", diz Eduardo Cuducos, Líder do Programa de Ciência de Dados para Renovação Cívica da ONG Open Knowledge e um dos desenvolvedores da Rosie.

Para ele, a liberação parcial não é solução. "É um remendo. É melhor isso do que nada", afirma.

A Rosie é parte da Operação Serenata de Amor, criada em 2016 como uma iniciativa civil de monitoramento do poder público. Atualmente, é vinculada à ONG internacional Open Knowledge, responsável por compartilhar dados e conteúdo sem custos. Ela já flagrou gastos de parlamentares em Las Vegas, por exemplo.

O nome Operação Serenata de Amor é uma versão abrasileirada do apelido dado ao caso de uma parlamentar na Suécia que usou dinheiro público para comprar um chocolate. Aquele escândalo ficou conhecido como "Toblerone Affair".

Outros casos

Rosie não foi o único "robô do bem" que foi enquadrado por violar as regras de spam da rede social e passou a ser proibido de marcar perfis.

O Projeto 7c0, que avisa e armazena tuítes que foram apagados de perfis de políticos, e o robô do Colaboradados, que informa quando portais de transparência estão fora do ar, também perderam a permissão de enviar mensagens automaticamente.

O primeiro marcava a pessoa quem apagou o tuíte e o Colaboradados marcava perfis de governos para alertar sobre problemas em um portal de transparência. Eles também foram criados por desenvolvedores independentes e não têm fins lucrativos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui