Estudante da UFPB encontrado morto tinha depoimento marcado no MPF

O estudante de filosofia da UFPB, Clayton Tomaz de Sousa, de 31 anos, encontrado morto na manhã de segunda-feira (18), comunicou à instituição sobre agressões que teriam sido praticadas por seguranças de iniciativa privada que trabalham no local. A informação foi dada em nota após reunião da comissão do Conselho Universitário (Consuni) formada nesta quarta-feira (19) para acompanhar as investigações.

O corpo do jovem foi encontrado com marcas de tiros, já em estado de decomposição, em uma mata, em Gramame, após vários dias desaparecido.

De acordo com a nota, “ao contrário de posicionamentos da atual administração da UFPB que vem repercutindo na mídia, Alph, como o estudante era conhecido, por diversas vezes movimentou instâncias da própria Instituição”.

A assessoria de comunicação da UFPB informou que tem conhecimento apenas sobre a criação do grupo.

De acordo com a nota do Consuni, a primeira denúncia feita pelo aluno foi registrada em março de 2016, após um conflito dentro da UFPB. O estudante relatou ter sido torturado por agentes da segurança privada da universidade ao ser detido. O caso foi relatado em uma representação entregue ao Ministério Público Federal no mesmo ano.

O procurador José Godoy, do Ministério Público Federal (MPF), informou que o dossiê com as denúncias foi recebido pelo MPF em 2016, e foi instaurado um procedimento para apurar o caso. Medidas administrativas foram adotadas na UFPB, como identificação dos guardas nas fardas e realização de cursos em direitos humanos para eles. Depois, o procedimento foi arquivado.

De acordo com MPF, há um outro procedimento em curso, aberto em setembro de 2019, que está sob sigilo. No momento, o caso está suspenso no MPF até a conclusão do inquérito que está em curso na Polícia Civil. O estudante seria ouvido quando foi encontrado morto.

A ouvidoria da UFPB confirmou que recebeu a denúncia de Alph em 2019. O órgão justificou que “não investiga, processa ou pune ninguém”. Informou ainda que as manifestações recebidas podem dar início a sindicâncias, processos éticos ou disciplinares que são responsabilidade das unidades administrativas.

Por fim, a comissão por meio da mesma nota, aponta que o vídeo que foi publicado em redes sociais pela vítima e que está sendo investigado pela polícia, é um dos momentos em que o jovem mostrou a preocupação que tinha em sofrer novas supostas agressões.

A Polícia apura um vídeo do estudante citando ameaças no campus antes de ser morto. Nele “Alph” comenta que estaria sofrendo ameaças de guardas da UFPB e é parte do material que vai ser analisado pela Polícia Civil na investigação do homicídio.

De acordo com o delegado de homicídios, Carlos Othon, as declarações publicadas pela vítima em seus perfis nas redes sociais estão sendo coletadas e vão ser analisadas dentro do inquérito que apura a morte do estudante. “Vamos ouvir os seguranças da UFPB, todos vão ser convocados a prestar esclarecimentos”, finalizou.

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