O presidente Jair Bolsonaro pediu, durante uma live na quinta-feira (11), para que apoiadores invadissem e filmassem instalações públicas para mostrar a ocupação dos leitos em unidades hospitalares voltadas ao tratamento da Covid-19. A iniciativa presidencial surge de uma teoria conspiratória que aponta as mortes por Covid-19 estão sendo super notificadas e os leitos estariam vazios. Na Paraíba, esse tipo de ação temerária, com ares criminosos, já vinha acontecendo.
“Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda”, afirmou o presidente.
No dia 3 de maio, o deputado estadual Cabo Gilberto invadiu o Hospital Solidário, ao lado do Metropolitano, em Santa Rita, que é um hospital de campanha especializado no tratamento da Covid-19. Sob a justificativa que Bolsonaro usaria na última quinta-feira, o parlamentar quis possivelmente mostrar que estaria acontecendo super notificação dos casos e mortes por coronavírus no estado.
Na ação, o parlamentar bolsonarista confessou que furou a segurança do hospital, após ter sido barrado previamente. Junto com assessores, ele informou que o grupo estava com máscaras e álcool em gel, ele entrou após insistência e fez uma fiscalização.
“Recebi várias denúncias de que o hospital não estava superlotado como o governador e seus aliados estavam falando, com isso fui in loco fiscalizar, como sempre faço, para não divulgar fake news”, disse o deputado na época.
No dia que Cabo Gilberto invadiu o hospital, a Paraíba registrava 1.219 confirmados e 79 mortes por coronavírus. De acordo com o último boletim da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o estado agora tem 26.556 casos confirmados e 610 óbitos.
Prática é proibida
A entrada sem autorização em unidades de saúde não é permitida, já que fere o direito à privacidade dos pacientes e expõe os invasores a possíveis contaminações.
Além disso, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) segue sendo o isolamento social como forma de conter o avanço da Covid-19.