Eitel Santiago de Brito Pereira pediu demissão da secretaria-geral da Procuradoria Geral da República (PGR). Em uma carta destinada ao procurador Augusto Aras, que o havia convidado para o cargo nove meses atrás, o sub-procurador aposentado alegou razões de ‘foro íntimo’ para deixar o cargo e oficializou seu pedido de demissão, acatado pelo procurador-geral da República.
Em uma entrevista concedida à CNN Brasil Eitel declarou que ‘as forças-tarefa do MPF funcionam, por vezes, de forma ilegal’ e que prisões na Lava Jato foram usadas ‘como instrumento de tortura’ para forçar delações premiadas. Em outro momento, o paraibano acrescentou que adversários do presidente da República ‘precisam compreender que foi Deus o responsável pela presença de Bolsonaro no poder’.
Depois disso, quatro subprocuradores-gerais do Conselho Superior enviaram ofícios a Aras apontando desconforto com a atuação de Eitel e pedindo sua saída. O documento recebeu o apoio de 295 outros procuradores.
“Faz-se absolutamente imperativo assinalar a discordância e o profundo desconforto que tais colocações do Secretário-Geral Eitel Santiago de Brito Pereira – verbalizadas ao arrepio de suas funções administrativas – estão causando no seio da instituição, implicando, em muitos aspectos, indevida ingerência na esfera de atuação de outros órgãos que compõem o Ministério Público Federal”, afirmam os subprocuradores Nicolao Dino de Castro e Costa Neto, Nívio de Freitas Silva Filho, José Adonis Callou de Araújo Sá e Luiza Cristina Fonseca Frischeisen.
Confira o texto da carta de Eitel:
João Pessoa/PB, 04 de agosto de 2020.
Caro Augusto Aras.
Agradeço a oportunidade que me concedeu de prestar um serviço ao nosso País, exercendo a elevada função de Secretário Geral do Ministério Público da União.
No momento, por motivos de foro íntimo, decidi permanecer no meu Estado. Por isso, peço, em caráter irretratável, exoneração a partir desta data.
Respeitosamente,
Eitel Santiago de Brito Pereira