Arlinda Marques mantém atendimento às crianças vítimas de violência sexual

No ambulatório da Amviva, que fica localizado no hospital, todo apoio médico, psicológico e social são oferecidos de forma gratuita.

Dá pra imaginar qual é o sentimento de uma mãe quando descobre que um filho ou filha estava sendo violentado/a, sexualmente? Agora, pense num lugar onde ela encontre todo apoio médico, psicológico e social de forma gratuita.  Esse espaço existe e se chama Ambulatório de Atendimento às Vítimas de Violência e Acidentes (Amviva), que funciona no Complexo de Pediatria Arlinda Marques, unidade integrante da Secretaria de Estado da Saúde e, mesmo na pandemia, o atendimento permanece.

O Amviva, que atende pelo Sistema Únicos de Saúde (SUS), presta assistência a crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, 11 meses e 29 dias e faz parte de uma Rede de Cuidado e de Proteção Social (Conselho Tutelar, Ministério Público, Creas, hospitais, Atenção Básica de Saúde, etc.), que faz o encaminhamento para o serviço, mas a procura também ocorre por demanda espontânea.

“Oferecer à população um serviço gratuito, de qualidade e resolutivo, é o objetivo do Amviva com uma equipe multiprofissional e um atendimento humanizado.  As famílias chegam no momento mais crítico e dolorido de suas vidas e têm atendimento de qualidade, com todo o encaminhamento necessário, o que ameniza e muito o sofrimento dessas pessoas”, disse o diretor geral do Complexo, Cláudio Régis.

Quando descobriram o que estava acontecendo com suas filhas, as mães, que preferiram não ser identificadas, imediatamente, procuraram a polícia e o Conselho Tutelar, que fizeram o encaminhamento para o Amviva. “Se não fosse o Amviva, eu estaria desesperada”, destacou uma delas. “No momento de maior aflição e agonia da minha vida, ao encontrar o Amviva, fiquei em paz”, comentou a outra mãe.

Para a assistente social do Ministério Público Clodine Azevedo,  o Amviva é um serviço essencial porque atua nas esferas física, social e psicológica. “O grande diferencial é o atendimento multiprofissional, com grande integração entre os médicos, assistentes sociais e psicólogos.  Só assim a vítima se sente à vontade para trazer à tona o sofrimento por anos reprimidos”, declarou.

A diretora técnica do Complexo Arlinda Marques, Fernanda Morais, explica como funciona o fluxo de atendimento do Amviva. “Com menos de 72 horas do ato violento, o atendimento é feito na urgência do hospital, com todo o procedimento necessário, desde a dispensação de medicamentos, a exemplo da PEP, que reduz o risco de adquirir infecções sexualmente transmissíveis, até cirurgias. A seguir, o hospital encaminha para o ambulatório que funciona no Complexo. Se o caso tiver ocorrido em mais de 72 horas, o atendimento é direto no Amviva”, informou.

O Serviço Social é um dos atendimentos oferecidos no Amviva. De forma individual e coletiva, promove ações sociopedagógicas, como reuniões, rodas de conversas, com o objetivo de informar aos usuários o acesso aos direitos socioassistenciais e serviços diversos nas políticas públicas.

A assistente social Zelândia Marques disse que, como parte da rotina, ainda têm os contatos familiares e institucionais para o acompanhamento dos casos e viabilização junto à Rede para verificar os recursos disponíveis. “Ainda promovemos e qualificamos o acesso a instituições/equipamentos de suporte no território, como Cras, Creas, Secretarias Municipais de Saúde, Conselhos Tutelares, Delegacias Especializadas, Funad, Ministério Público e outros”, disse.

Para a psicóloga Daniella Dornelas, o trabalho realizado no Amviva é sinônimo de redução de danos. “A garantia de acesso ao tratamento psicoterápico, ainda na infância, pode reduzir riscos de revitimizações e desenvolvimento de comportamentos agressivos que contribuem para manutenção de ciclos de violência”, informou.

Já a pediatra Conceição Queiroz falou que há inúmeros desafios no atendimento à criança em situação de violência. “Tal situação envolve uma série de fatores culturais e de violações de direitos, mas no Amviva estamos atentos às questões relativas à saúde dessa criança dentro de um contexto de vulnerabilidade biopsicossocial”, observou.

A ginecologista Juliana Neves explicou que o atendimento é de forma integral, tratando patologias,  tirando dúvidas sobre ciclo menstrual, métodos contraceptivos e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. “Muitas vezes, é a primeira oportunidade de um atendimento ginecológico para aquela jovem”, disse a médica, acrescentando que o Amviva é um desafio diário.

“Lidamos com famílias que chegam cheias de dúvidas, mágoas e tantos outros sentimentos. Jovens que trazem uma carga emocional do abuso sofrido. Além do atendimento médico,  é necessária sutileza e atenção para ouvir e essa escuta, muitas vezes, é mais terapêutica que qualquer medicamento ou procedimento.  Quando consigo  de alguma forma  ajudar as famílias,  é gratificante. O Amviva traz para minha vida o que nenhuma faculdade pode ensinar”, comentou.

Números e perfil de atendimento

Em novembro, o Amviva completa 11 anos. Desde a implantação até agora, são 647 atendimentos a crianças e adolescentes de todo estado. É um serviço do SUS referência no atendimento de vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. 

Do total de atendimentos, 412 (63,68%) foram do sexo feminino e 235 (36,32%) sexo masculino. A violência sexual é a que tem o maior número de entrada, representando 79,63% do total.

O Amviva funciona no Ambulatório do Complexo de Pediatria Arlinda Marques, em João Pessoa, no bairro de Jaguaribe, na Rua Alberto de Brito, s/n. Telefone: 3218-5799

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