A entrada em vigor de recolher obrigatório no Ceará e na Bahia, para reduzir a disseminação da covid-19 elevou para cinco o número de estados brasileiros que adotaram esta medida drástica para enfrentar a pandemia.
A mesma medida começou a valer na noite de quinta-feira no Ceará, também na região nordeste e o oitavo estado mais populoso do país (9,2 milhões de habitantes), onde o recolher também se estenderá por uma semana.
O Amazonas, estado do norte do Brasil que enfrenta uma grave crise de saúde há um mês devido à falta de camas para pacientes com covid-19 e de oxigênio para quem precisa de ventilador, adotou um recolher mais severo há duas semanas, entre às 19h e as 06h do dia seguinte.
Já no Mato Grosso do Sul, no oeste e na fronteira com o Paraguai e a Bolívia, essa medida foi imposta há também duas semanas, mas apenas para as cidades mais populosas do estado, incluindo a capital regional, Campo Grande.
No Paraná, onde o toque de recolher vigorará até 28 de fevereiro, a medida também é menos restritiva, já que a circulação de pessoas e veículos está proibida entre as 00h e as 05h.
Nesses cinco estados, quase um quinto das 27 unidades federativas que compõem o Brasil, a circulação noturna só é permitida para trabalhadores de setores essenciais como saúde e segurança, enquanto todo o comércio, restaurantes e bares devem permanecer de portas fechadas.
Enquanto no Amazonas o sistema hospitalar já entrou em colapso, nos outros quatro estados a ocupação de camas em unidades de terapia intensiva já ultrapassa os 90% devido ao forte aumento das infecções nas últimas semanas.
Com as medidas restritivas, os governos estaduais procuram reduzir a disseminação do novo coronavírus, que no Brasil já fez cerca de 244 mil mortes e 10 milhões de infecções apenas a uma semana do país completar o primeiro ano desde o registro do primeiro caso oficial, em 26 de fevereiro de 2020, no estado de São Paulo, que também foi o primeiro da América Latina.
Esses dados confirmam o Brasil, com seus 210 milhões de habitantes, como o segundo país do mundo com o maior número de mortes por covid-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro com o maior número de infectados, atrás da nação norte-americana e da Índia.
O recrudescimento da pandemia coincide com a proliferação de novas estirpes, entre elas a P1, detectada no Amazonas, e que o Ministério da Saúde garantiu ser “três vezes mais contagiosa” que as demais e que já circula em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
O Brasil vacinou cerca de 5,5 milhões de pessoas, menos de 3% sua da população e na maioria médicos, indígenas e idosos, mas vários municípios tiveram de suspender as suas campanhas de imunização por falta de doses e o Governo só prevê as próximas entregas dos antídotos no final de fevereiro.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou hoje que o Governo vai distribuir 4,7 milhões de vacinas entre o final de fevereiro e o início de março, e pediu aos prefeitos que apliquem todas na população prioritária sem reservar as segundas doses necessárias, para acelerar a campanha de imunização.
Segundo Pazuello, como o ministério receberá 21 milhões de vacinas em março, a distribuição dos lotes da segunda dose está garantida no prazo.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.441.926 mortos no mundo, resultantes de mais de 110,2 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.