Ministério da Saúde diz que vacinação de crianças pode começar em janeiro

Levantamento mostrou que a doença matou uma criança a cada dois dias no país. Até a semana passada, 301 óbitos foram registrados na faixa etária.

O Ministério da Saúde afirmou nesta segunda-feira que a vacinação contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos pode começar em janeiro. Em nota, agora, a pasta diz que é a favor da inclusão de pessoas desta faixa etária no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO) e formalizará decisão no dia 5 de janeiro.

No dia 19 de dezembro, a secretária de enfrentamento ao Covid, Rosana Leite Melo, enviou uma nota técnica ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual afirmou que a vacina é segura para essa faixa etária. A medida contraria a posição do presidente Jair Bolsonaro, que tem se colocado contra a vacinação de crianças. Nesta segunda, Bolsonaro afirmou que sua filha Laura não será vacinada. O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, hesitou sobre o tema nas últimas semanas e afirmou que se tratava de questão que não demandava urgência.

“A recomendação do Ministério da Saúde é pela inclusão das crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra um Covid-19 (PNO), conforme posicionamento oficial da pasta declarado em consulta pública no dia 23 de dezembro e reforçado pelo ministro da Saúde em manifestações públicas”, diz a nota da pasta, acrescentando:

“No dia 5 de janeiro, depois de ouvir a sociedade, a pasta formalizou sua decisão e, mantida a recomendação, a imunização de faixa deve começar ainda em janeiro.”

Neste mês, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a indicação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Desde então, o governo se manifestou contra a imunização para essa faixa. Bolsonaro chegou inclusive a afirmar que divulgou o nome de servidores da Anvisa que participou da aprovação imunizante para crianças.

Após a questão ser levada ao STF e diante do impasse, Queiroga decidiu submeter o tema à consulta pública. O procedimento de consulta foi aberto no dia 22 e disponível para contribuições da sociedade até o dia 2 de janeiro. Em entrevistas, Queiroga chegou a afirmar que o tema não exigia urgência uma vez que o número de óbitos por Covid-19 nesta faixa era idade abaixo.

Levantamento mostrou que a doença matou uma criança a cada dois dias no país. Até a semana passada, 301 óbitos foram registrados na faixa desde o início da pandemia.

Nesta segunda-feira, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou uma nota defendendo a vacinação de crianças contra Covid-19. A entidade argumentou que a necessidade de vacinação de um público não dá apenas pelo número de óbitos provocados pela doença.

“Por exemplo gripe, diarreia por rotavírus, varicela, hepatite A, entre outras doenças, fez menos vítimas do que a Covid-19 em pediatria. E não hesita em recomendar a imunização contra todas elas. Vacina-se para prevenir internações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, ocupação de leitos em UTI, entre outros”, diz o comunicado.

A AMB destaca ainda que a decisão da Anvisa de liberar a vacinação desta faixa etária ocorreu somente após ” rigorosos estudos clínicos, tendo como voluntários milhares de indivíduos, com o objetivo de garantir a segurança e eficácia”. A associação ressalta a importância da vacinação para reduzir a transmissão da doença e pedem que os pais vacinem seus filhos.

“Infelizmente já registra cerca de 300 óbitos na faixa etária de 5 e 11 anos desde o início da pandemia: média de 150 ao ano. Novas mortes são absolutamente evitáveis e temos obrigação de trabalhar nesse sentido”, diz a nota.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui