Hospital de Trauma de João Pessoa cria serviço de Enfermagem Forense para atender mulheres vítimas de violência

Ideia é que profissionais atuem no tratamento de evidências deixadas pelo agressor, fazendo coleta de material biológico, registro fotográfico ou descrição das lesões

Uma parceria entre o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vai implementar um serviço pioneiro no Brasil, especializado no atendimento às vítimas de violência, com o foco na Enfermagem forense. O treinamento dos coordenadores de Enfermagem da unidade começou nessa quarta-feira (8).

De acordo com a coordenadora do projeto e professora da UFPB, Rafaela Queiroga, a equipe de enfermeiros será treinada com o olhar mais direcionado para situações da Justiça. “A ideia é que o profissional da saúde realize o atendimento de urgência, mas tenha o cuidado com as evidências deixadas pelo agressor. Como, por exemplo, coleta de material biológico, registro fotográfico ou descrição das lesões. Queremos que o profissional seja capaz de descrever corretamente essa lesão, sem colocar nenhum tipo de juízo pessoal nesse atendimento e oferecer à vítima um encaminhamento adequado”, explica.

Atualmente, o Hospital de Emergência e Trauma conta com 300 profissionais de Enfermagem. O gerente do setor, Péricles Mendes, está confiante nos resultados da parceria com a UFPB. “Queremos capacitar a nossa equipe para tornar o atendimento qualificado. Com esse treinamento, esperamos que os profissionais habilitados realizem o atendimento integral, desde o acolhimento até a coleta de material. Esse serviço vai gerar conforto para as vítimas, já que pretende diminuir a exposição. A expectativa é das melhores, teremos muito o que colher com esse projeto pioneiro”, analisa.

Para a chefe do Núcleo de Ações Estratégicas Especiais do Trauma-JP, Jaqueline Torres, o projeto é inovador e bastante atualizado. “Como nossa unidade de saúde recebe vítimas de violência, já realizamos o acolhimento e a notificação desses casos, por meio do Sinan [Sistema de Informação de Agravos de Notificação]. Essa parceria será muito valiosa, trazendo a visão forense, que é pouco conhecida em nossa área. Estamos com boas expectativas para implementação do serviço, com a ideia de qualificar ainda mais o nosso atendimento”, ressalta.

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