Usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP), utilizada na prevenção ao HIV, agora também devem receber a vacina contra a hepatite A. A recomendação foi feita pelo Ministério da Saúde e está sendo seguida pela Rede Municipal de Saúde de João Pessoa, com atendimento no Serviço de Assistência Especializada – Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE-CTA), que funciona no anexo da Policlínica Municipal de Jaguaribe.
A nova diretriz tem como objetivo conter o avanço da hepatite A entre adultos, após a redução expressiva dos casos em crianças, graças à vacinação infantil. Desde a inclusão da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2014, a incidência da doença na faixa etária infantil caiu mais de 95%. A concentração de casos em adultos, porém, tem se tornado motivo de alerta, já que essa população tende a desenvolver formas mais graves da enfermidade.
“O Ministério da Saúde tem ampliado a oferta de vacinas para usuários em uso da PrEP, como HPV e agora também hepatite A, além de outras já disponíveis no SUS, com o objetivo de manter a proteção vacinal em dia na fase adulta. É essencial que a população procure os serviços de saúde para atualizar o cartão de vacinação”, ressaltou Lucas Veloso, diretor do SAE-CTA de João Pessoa.
O esquema vacinal para hepatite A neste público é composto por duas doses, com intervalo de seis meses entre elas. Quem comprovar uma dose anterior precisa apenas completar o esquema. Já quem tiver registro de duas doses ou exames com resultado reagente para anti-HAV total ou anti-HAV IgG está dispensado da vacinação.
A hepatite A é uma inflamação do fígado causada por infecção viral, com maior gravidade em adultos. A principal forma de transmissão do vírus é a via fecal-oral. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou, em 2016, aumento de casos relacionados a práticas sexuais, mesmo em países com baixa prevalência da doença.
No Brasil, os primeiros sinais de aumento de casos de hepatite A por transmissão sexual surgiram em 2017, em São Paulo, com 786 diagnósticos e dois óbitos confirmados. A situação foi controlada por meio de ações específicas de vacinação.
Desde a implementação da vacina no SUS, os casos caíram de 6.261 em 2013 para 437 em 2021, uma redução de 93%. Entre crianças de 1 a 4 anos, a queda foi de 97,3%, e na faixa de 5 a 9 anos, de 99,1%. Em 2023, no entanto, os registros voltaram a subir, com 2.080 casos, dos quais 1.877 foram em pessoas com mais de 20 anos. Os homens representaram 69,5% das infecções nesse grupo.
Além da vacina contra a hepatite A, o SAE-CTA também disponibiliza para usuários de PrEP as vacinas contra Influenza, hepatite B e HPV. Já quem está em tratamento com terapia antirretroviral (TARV) é atendido no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), localizado no Complexo Hospitalar Pediátrico Arlinda Marques. Para esse grupo, são recomendadas vacinas contra hepatite B, HPV, hepatite A, dT, dTpa, Influenza, pneumocócica conjugada 13, meningocócica ACWY, febre amarela, tríplice viral e varicela.
O SAE-CTA realiza ações de promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). O atendimento é sigiloso e conta com equipe multiprofissional capacitada, que acompanha o usuário, independentemente do resultado dos testes.
Entre os serviços oferecidos estão: testes rápidos para HIV, sífilis, hepatites B e C; cauterização de lesões externas de HPV; atendimentos médicos nas áreas de infectologia, urologia, proctologia, ginecologia e psiquiatria; atendimento psicológico para pessoas vivendo com HIV/AIDS; sala de vacinação; coleta de sangue; administração de medicamentos; dispensação de tratamentos para ISTs e HIV; programa de combate ao tabagismo; fornecimento de preservativos e gel lubrificante; além do serviço de PrEP e regulação para pacientes assistidos pela unidade.
