Variantes de Manaus e Rio de Janeiro estão circulando desde janeiro em João Pessoa, Ingá e Conde, no estado da Paraíba, e em Natal, no estado do Rio Grande do Norte.
O estudo que aponta a constatação contou com a colaboração do Laboratório de Biologia Molecular/LaBiMol – Centro de Ciências Médicas – Universidade Federal da Paraíba (CCM/UFPB) e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O sequenciamento foi realizado por meio do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), unidade de pesquisa subordinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
As amostras coletadas referem-se aos meses de dezembro de 2020, janeiro e fevereiro de 2021, onde foi possível identificar, a partir das amostras de janeiro de 2021, 23 amostras pertencentes a linhagem P1 (inicialmente encontrada em Manaus), sendo que 15 são da cidade de Natal (RN), 2 de João Pessoa, 1 de Ingá e 1 de Conde, na Paraíba, e outras quatro de pacientes da cidade de Manaus (AM), que foram internados no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB), em João Pessoa, na Paraíba.
“Aqui na UFPB, nós temos alguns projetos em parceria com o MCTI que envolvem o diagnóstico da covid-19. Dentro do projeto RedeVírus MCTI existe um braço chamado de Corona-Ômica, que faz avaliação de sequenciamento dos genomas dos vírus em todo Brasil. No início desse mês, o LaBiMol/CCM encaminhou algumas amostras de pacientes da Paraíba para o LNCC, no Rio de Janeiro, e foi feito o sequenciamento desses vírus na Paraíba. Conseguimos observar que a gente já tem, desde o início do mês de janeiro, a circulação de algumas variantes do vírus SARS-CoV, que foram aquelas descritas inicialmente em Manaus e Rio de Janeiro”, explicou Vinícius Pieta, do Departamento de Fisiologia e Patologia (DFP/UFPB).
Além disso, em 46 amostras a linhagem P2 foi caracterizada. Essa linhagem inicialmente descrita no estado do Rio de Janeiro está se disseminando no Brasil e pelos dados deste trabalho encontra-se também nesses dois estados.
De acordo com a RedeVírus MCTI, essas novas linhagens do SARS-CoV-2 estão sendo associadas a possível maior dispersão do vírus. As análises ainda estão sendo finalizadas e em breve os genomas serão depositados em bases de dados públicas e o trabalho será submetido em periódico internacional. A recomendação dos pesquisadores, diante desses dados, é que os órgãos estaduais e federais competentes tomem as providências cabíveis.
Segundo Vinícius Pieta, as variantes descritas inicialmente em Manaus e Rio de Janeiro estão se tornando mais preocupantes no país porque estão associadas a maior transmissibilidade e podem estar associadas ao aumento no número de casos.
“A circulação dessas variantes na Paraíba é um pouco anterior ao que a gente pensava. A primeira detecção na Paraíba foi a amostra de Ingá. O paciente apresentou sintomas no dia 8 de janeiro. Ou seja, nós tínhamos um receio de que elas pudessem ser trazidas para cá quando vieram os pacientes de Manaus, apesar de atendidos todos os protocolos. Mas agora sabemos que, antes mesmo desse fluxo, a gente já tinha a circulação dessas variantes aqui”, comentou Vinícius.
Também participam do estudo os pesquisadores Bruno Galvão, Eloiza Campana, Naiara Dejani, Marília Cavalcanti e Eduardo Sérgio.