Ministro do GSI pede demissão após imagens mostrarem que não repreendeu golpistas

Gonçalves Dias pediu demissão após aparecer em imagens do circuito interno de TV do Palácio do Planalto sem confrontar invasores golpistas nos ataques de 8 de janeiro

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo nesta quarta-feira, dia 19, após aparecer em imagens do circuito interno de TV do Palácio do Planalto sem confrontar invasores golpistas nos ataques de 8 de janeiro. O pedido foi imediatamente aceito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o general e ministros palacianos. A queda de G. Dias é a primeira de um ministro do governo Lula.

O presidente convocou uma reunião de emergência no Planalto, com ministros de seu círculo mais próximo, para discutir a mais nova crise política. O governo estava convencido de que, após a divulgação dessas imagens, reveladas pela CNN Brasil, não havia mais como segurar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que a oposição quer instalar para investigar os atos antidemocráticos. Até agora, o Planalto ainda nutria alguma esperança de retirar assinaturas para a abertura da CPMI, por meio da distribuição de cargos e emendas.

Na avaliação de Lula, a CPMI dará palanque para a oposição e pode atrapalhar votações consideradas fundamentais para o governo, como a do novo arcabouço fiscal. O projeto de lei foi entregue nesta terça-feira ao Congresso pelo ministro da Fazenda, Fernando nado Haddad.

G. Dias foi orientado a pedir demissão, diante do intenso desgaste e questionamento. Suas funções já haviam sido substancialmente esvaziadas pelo presidente, após os atos de 8 de janeiro. Lula reclamou publicamente de falhas na inteligência presidencial, desconfiava de militares da ativa e falava de forma recorrente em suspeita de conivência.

Lula aceitou o pedido de exoneração de G. Dias, ainda sem ter um substituto para o cargo. O governo ainda não decidiu o que fará com as atribuições que restavam ao GSI, como a segurança predial de instalações usadas ou frequentadas por Lula e seus familiares, entre outras. A segurança pessoal do presidente, chamada no jargão de segurança imediata, já era diretamente vinculada ao gabinete de Lula, uma inovação, e realizada por policiais federais, não mais pelos militares subordinados ao GSI.

Em nota, a Secretaria de Comunicação da presidência diz que “todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI”. A nota não cita o ministro-chefe do GSI.

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