A recente alta nas cotações internacionais do petróleo levou o preço do diesel no Brasil a registrar sua maior defasagem desde janeiro de 2025, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Na abertura do mercado desta segunda-feira (23), a diferença média era de R$ 0,58 por litro, chegando a R$ 0,61 nas refinarias da Petrobras.
Essa defasagem se aproxima dos níveis registrados pouco antes do primeiro reajuste do ano, ocorrido em 1º de fevereiro, quando a Petrobras aumentou o preço do diesel em R$ 0,22 por litro. Desde então, a estatal promoveu três reduções consecutivas nos preços. Apesar da pressão atual, o mercado não espera reajuste imediato, já que a direção da empresa adota uma postura cautelosa frente à volatilidade geopolítica recente.
No caso da gasolina, a defasagem também subiu e está em torno de R$ 0,24 por litro, com R$ 0,26 nas refinarias, atingindo o maior patamar desde o fim de janeiro. A alta está associada ao aumento sazonal da demanda nos Estados Unidos, com a chegada das férias de verão no Hemisfério Norte.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou na última quarta-feira (18) que o momento ainda não é de alterar preços: “O cenário de petróleo alto tem cinco dias, é bem recente”, justificou. A avaliação da cúpula da empresa, segundo apuração da Folha de S.Paulo, segue a mesma.
A escalada no preço do barril ocorre em meio às tensões entre Israel e Irã e à possibilidade de interrupções no Canal de Hormuz, por onde passa cerca de 25% do consumo global de petróleo. Embora os EUA tenham sinalizado que uma ofensiva não é iminente, o mercado segue precificando um prêmio de risco no curto prazo.
Efeitos para o Brasil
A alta do petróleo tem efeitos contraditórios para o Brasil. Por um lado, beneficia a balança comercial e aumenta a arrecadação de impostos sobre a produção, favorecendo petroleiras que atuam no país, como destacou o presidente da Prio, Roberto Monteiro:
“É um horror dizer que uma guerra é positiva, mas é a realidade. O Brasil hoje é estável e produz bastante petróleo.”
Por outro lado, o movimento pressiona a política de preços da Petrobras, que busca equilibrar competitividade, inflação e previsibilidade. Segundo o Itaú BBA,
“Petróleo caro é definitivamente bom para a Petrobras, mas talvez preços muito caros desafiem a execução da política de preços, o que preocupa alguns investidores.”