Delegado da PB que postou texto ofensivo contra mulheres pede desculpas por ‘linguagem rasa’

O delegado Francisco Azevedo, que publicou um texto ofensivo contra as mulheres, publicou em seu perfil pessoal do Instagram, nesta quarta-feira (3), uma mensagem de retratação. "Se as companheiras se sentiram ofendidas, desculpem-me pela minha linguagem rasa", disse na publicação. Francisco Azevedo foi afastado da 9ª Delegacia Distrital, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, de onde era titular. Na publicação no perfil pessoal no Facebook, o delegado afirma que "mulher petista é mulher rapariga, safada, rodada, gostosa de transar e fácil de se apaixonar".

A Delegacia-Geral de Polícia Civil da Paraíba encaminhou nesta quarta-feira (3) para a Corregedoria uma denúncia contra o delegado. O texto foi compartilhado em caráter público no dia 15 de fevereiro deste ano pelo delegado, mas só ganhou destaque nesta quarta-feira (3).

Na publicação do Instagram, Francisco Azevedo colocou a foto de uma pintura francesa com uma mulher, em cima de alguns corpos, empunhando a bandeira da Revolução Francesa em uma mão e uma baioneta na outra. Na mensagem, ele explicou que escreveu no Facebook "uma crônica sob licença poética, o que não tem compromisso com a gente, apesar de me basear na minha história de luta no movimento estudantil e no PT nos anos 90". Ao final, completou: "o que ainda nos une é a liberdade". A rede social onde o pedido de desculpas foi publicado é restrita aos amigos do delegado.

O Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba ao tomar conhecimento do texto emitiu uma nota de repúdio nesta quarta e informou que vai entrar com uma denúncia coletiva contra o delegado no Ministério Público, assim como com uma ação judicial. O secretário da Segurança e da Defesa Social, Jean Francisco Nunes, considerou uma “atitude reprovável que não tem, jamais, qualquer apoio da Polícia Civil ou da secretaria”.

Ainda nesta quarta-feira, o texto publicado pelo delegado foi criticado pelos vereadores Marcos Henriques (PT) e Sandra Marrocos (PSB) na tribuna da Câmara de Vereadores de João Pessoa. Após repercussão negativa do texto, o delegado Francisco Azevedo apagou a publicação do seu perfil pessoal.

Ao G1, a Delegacia-Geral de Polícia Civil informou, por meio da assessoria, que uma investigação preliminar vai ser aberta pela Corregedoria da Polícia Civil. O procedimento tem um prazo inicial de 20 dias, podendo ser ampliado caso os corregedores julguem necessário. A partir desta investigação, o procedimento pode ser convertido em sindicância, processo administrativo disciplinar ou ser arquivado, caso a Corregedoria não encontre irregularidades no comportamento do delegado.

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Texto compartilhado por delegado da Paraíba afirma que 'mulher pestista é mulher rapariga' — Foto: Reprodução/Facebook

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Na parte final da publicação, delegado da Paraíba lamenta que o 'PT deixou de ser raiz' — Foto: Reprodução/Facebook

No texto compartilhado pelo delegado, ele conta sua experiência na juventude, quando fez parte da militância do PT, a partir de 1996, e mantinha relações sexuais com mulheres que também integravam o partido. Francisco Azevedo, de acordo com o texto compartilhado por ele, ainda afirma que o único que crime que ele e os demais cometiam no partido era fumar maconha.

“Os integrantes do partido se apresentavam como líderes (e ou liderados). Você só era alguém no PT se liderasse alguma coisa”, relata. Em seguida, o delegado segue contando seu passado no partido. “Tinha até líder das bichas, mas surpreendentemente não havia líder das raparigas! Era estranho, pois nunca vi tanta rapariga junta num só lugar”, completa no texto.

No decorrer do texto publicado, Francisco Azevedo relata suas experiências sexuais com as mulheres do partido na época e conclui “enquanto a burguesia fazia sexo papai e mamãe e seus filhos cheiravam pó na orla, uma revolução se desenhava bem no centro, sob olhares dos edifícios que materializam o Poder do Estado. Pena que o PT deixou de ser raiz”.

No fim da publicação, o delegado explica que está lendo o livro de memórias de José Dirceu, integrante do partido preso no Mensalão, indicando indiretamente que a leitura motivou uma procura particular por uma memória sua do período em que integrou o partido.

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