Justiça da Paraíba condena sete por sequestro, cárcere privado e tortura em comunidade terapêutica

Os crimes ocorreram entre 2023 e 2024 e vieram à tona após uma inspeção do Ministério Público da Paraíba (MPPB), que resultou no resgate de 38 dependentes químicos, em agosto do ano passado.

Sete pessoas foram condenadas pela Justiça da Paraíba pelos crimes de sequestro, cárcere privado e tortura cometidos contra cinco internos da Comunidade Terapêutica “Homens de Valor”, localizada na zona rural de Lagoa Seca. Os crimes ocorreram entre 2023 e 2024 e vieram à tona após uma inspeção do Ministério Público da Paraíba (MPPB), que resultou no resgate de 38 dependentes químicos, em agosto do ano passado.

O proprietário do local, Celino Costa, foi condenado a sete anos e 10 meses de reclusão. Michelle de Lima Olegário, também proprietária e responsável pela direção administrativa da instituição, e o terapeuta Neyson Oliveira Silva receberam pena de sete anos e quatro meses de reclusão, cada um.

Os monitores Davi Albuquerque Gomes, Gabriel Alves Pereira Inocêncio, Lucas Michel Andrade Santos e Jeferson da Silva Guedes foram condenados a cinco anos e quatro meses de reclusão, também cada um. Todos os réus deverão cumprir as penas em regime semiaberto, em unidades prisionais a serem definidas pelo Juízo da Execução Penal.

Durante a investigação, o Ministério Público constatou que Celino Costa atuava como gestor e terapeuta da instituição e era o responsável por “capturar” compulsoriamente os internos, utilizando arma de fogo para coagir os pacientes. Ele impedia qualquer resistência por parte das vítimas, conduzindo-as à clínica contra a vontade delas.

Michelle Olegário, além de exercer funções administrativas e de enfermagem, foi apontada como conivente com as práticas violentas adotadas na comunidade. Ela autorizava a captura forçada dos internos, tinha pleno conhecimento das ações de Celino e tolerava os castigos físicos e psíquicos infligidos aos pacientes.

Já os monitores condenados participaram diretamente da vigilância, manutenção e imposição do cárcere privado, além de estarem envolvidos nas sessões de tortura. De acordo com a acusação, todas as ações dos réus foram realizadas sob o pretexto de oferecer tratamento a pessoas em situação de dependência química.

A condenação representa um desdobramento importante do trabalho de fiscalização e defesa dos direitos humanos em instituições que deveriam atuar na recuperação de pessoas vulneráveis, mas se tornaram palco de violência e abuso.

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