Com Bolsonaro inelegível, chapa Tarcísio-Michelle ganha força no PL para disputa presidencial de 2026

Aliados destacam que Michelle Bolsonaro, além de ser uma figura de confiança de Jair Bolsonaro, tem ocupado um espaço político que estava vago, especialmente no segmento feminino conservador.

Diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, a possibilidade de uma chapa formada por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Michelle Bolsonaro (PL) para as eleições presidenciais de 2026 vem ganhando força dentro do Partido Liberal (PL). A combinação, que une o perfil técnico do governador de São Paulo e a força de mobilização da ex-primeira-dama junto às pautas de costumes, tem sido considerada estratégica por aliados.

Embora lideranças do PL sigam defendendo publicamente o nome de Bolsonaro como prioridade, internamente cresce o consenso de que a composição Tarcísio-Michelle é a favorita, caso o ex-presidente permaneça fora da disputa. Fontes do partido ouvidas pelo UOL afirmam que a chapa tem apoio tanto de alas mais ideológicas quanto de grupos mais pragmáticos da legenda.

Dupla une “perfil técnico” e força nos costumes

A avaliação entre os aliados é que a chapa representaria um equilíbrio entre uma gestão focada em resultados, com Tarcísio, e a defesa de pautas conservadoras e dos costumes, com Michelle, que tem se destacado na articulação com grupos de mulheres e lideranças religiosas desde 2023.

O fortalecimento de Michelle Bolsonaro ficou evidente após sua influência na demissão de Fabio Wajngarten, ex-assessor de comunicação de Bolsonaro. Mensagens vazadas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, que traziam críticas à ex-primeira-dama, mostraram um clima de tensão nos bastidores do bolsonarismo, mas também sinalizaram a ascensão de Michelle como figura central no PL.

Tarcísio evita confronto direto e reforça apelo religioso

Enquanto Michelle ocupa o espaço da articulação social e do apelo aos valores conservadores, Tarcísio se consolida como o herdeiro natural do voto bolsonarista, especialmente pelo seu desempenho como gestor. Recentemente, em evento no Palácio dos Bandeirantes, o governador paulista utilizou expressões bíblicas e fez referência à fé, reforçando seu vínculo com o eleitorado evangélico.

O lançamento de programas sociais em São Paulo, com tom de contraponto às políticas do governo Lula, também teve ares de pré-campanha, segundo analistas.

Falta de enfrentamento ao STF gera críticas

Apesar do apoio crescente, parte da ala mais ideológica do bolsonarismo critica Tarcísio pela falta de enfrentamento ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para o vereador Adrilles Jorge (União Brasil), Tarcísio é um “grande gestor”, mas peca ao não assumir uma postura mais dura contra o Judiciário, considerado por esse grupo o “principal problema do Brasil”.

Apoio feminino e fortalecimento nacional de Michelle

Aliados destacam que Michelle Bolsonaro, além de ser uma figura de confiança de Jair Bolsonaro, tem ocupado um espaço político que estava vago, especialmente no segmento feminino conservador. A ex-primeira-dama tem se dedicado à realização de encontros, palestras e capacitações de lideranças femininas, abordando temas como a participação das mulheres na política sob uma ótica cristã e conservadora.

Para o vereador Adrilles Jorge, a presença de Michelle na chapa pode suavizar a imagem excessivamente agressiva de Bolsonaro, atraindo eleitores mais moderados. No entanto, ele ressalta que a ex-primeira-dama “precisaria se aprofundar em temas como economia, segurança pública e política internacional”.

Grupo político unido, mas impasse persiste

Em evento recente, Tarcísio afirmou que “o grupo estará unido em 2026”, mencionando aliados como Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD), Renata Abreu (Podemos), Antonio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP). No entanto, a demora de Bolsonaro em oficializar um apoio tem gerado desconforto em partidos aliados, segundo relatos de bastidores.

O deputado estadual Tenente Coimbra (PL-SP) avalia que a chapa Tarcísio-Michelle seria “forte, inteligente e com enorme potencial eleitoral”, embora ainda exista no partido a esperança de uma reviravolta jurídica que permita Bolsonaro ser candidato.

Por enquanto, Valdemar Costa Neto segue declarando publicamente que o nome de Bolsonaro é a única opção, mas os movimentos internos do PL e de aliados indicam que, caso se confirme a inelegibilidade, a construção da chapa Tarcísio-Michelle avança como o caminho mais provável para 2026.

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