O governo de São Paulo disse nesta quinta-feira (10) que o Instituto Butantan iniciou o envase da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O processo consiste na etapa final de produção da vacina.
“O Instituto Butantan iniciou ontem a produção da vacina do Butantan, a CoronaVac, aqui na sede do Butantan em São Paulo. Esta é a produção brasileira do Butantan, que está produzindo aqui com insumos que vieram da Sinovac, a vacina do Brasil, a vacina do Butantan. Um momento histórico que orgulha a todos nós brasileiros”, disse o governador paulista, João Doria (PSDB), durante coletiva de imprensa na sede do Butantan.
A CoronaVac ainda está na terceira fase de testes, estágio em que a eficácia precisa ser comprovada antes da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo o governo paulista, o processo começou a ser realizado nesta quarta-feira (9), na fábrica do Instituto, que tem 1.880 metros quadrados, e contará com o reforço de 120 novos profissionais.
O funcionamento passa a ser feito 24 horas por dia. Atualmente, o Butantan opera com 245 colaboradores.
A expectativa é a de conseguir envasar entre 600 mil a um milhão de doses por dia. O primeiro lote terá aproximadamente 300 mil doses.
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O governo de São Paulo já recebeu 120 mil doses prontas da CoronaVac, além da carga de insumos que pode virar até 1 milhão de doses.
Os insumos são os “ingredientes” necessários para a finalização da vacina no país. Caberá ao Butantan concluir a etapa final de fabricação.
Ao todo, pelo acordo fechado, o Butantan receberá do laboratório chinês 6 milhões de doses prontas para o uso e vai formular e envasar outras 40 milhões de doses.
Estados interessados
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que 12 estados formalizaram a solicitação para compra da CoronaVac. Ainda de acordo com o governador, mais de 900 cidades manifestaram interesse na compra da vacina.
“Hoje 12 estados do país, incluindo São Paulo, já formalizaram a solicitação para a vacina do Butantan. E 912 municípios de todo o Brasil também já demonstraram interesse da mesma forma, formalmente, para obter a vacina do instituto Butantan para a imunização dos seus trabalhadores de saúde”, afirmou Doria durante a coletiva.
Nesta quinta-feira (10) o Instituto Butantan deverá firmar um protocolo de intenções com a Fecam (Federação Catarinense de Municípios), para fornecimento de doses da Coronavac.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o instituto tem capacidade para fornecer as doses para os demais estados e vacinar a população de SP confirme cronograma anunciado para a primeira fase de imunização.
O governo paulista pretende fornecer 4 das 46 milhões de doses para vacinar profissionais da área da saúde de outras regiões do país.
“Com relação a volumes, o plano estadual, juntamente com essas 4 milhões de doses, totalizam, de janeiro a março, 23 milhões de doses. Nós temos 46 milhões. Então, nós estamos trabalhando essa primeira fase já prevendo a segunda fase e, eventualmente, a terceira fase. Temos, já em negociação, por autorização do governador, mais 15 milhões de doses e devemos formalizar muito brevemente. Do ponto de vista quantitativo e de capacidade de produção, estamos plenamente aptos para atender essa primeira fase da vacinação”.
Ministério da Saúde
Na terça, durante reunião de governadores com o Ministério da Saúde, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que, se houver demanda e preço, o governo federal irá comprar a “vacina do Butantan” (assista no vídeo acima).
Na mesma reunião, ministro afirmou que a análise da compra da CoronaVac será enviada ao Palácio do Planalto após a conclusão dos estudos do Butantan.
Plano estadual
Nesta segunda-feira (7), o governo paulista anunciou o plano de vacinação com a CoronaVac, previsto para começar em 25 de janeiro de 2021.
De acordo com o anúncio, a primeira fase da vacinação será voltada ao grupo prioritário, que também inclui idosos com 60 anos ou mais, e dividida em cinco etapas. Nessa etapa, 9 milhões de pessoas deverão ser vacinadas.
Anvisa
Para que a vacina comece a ser distribuída, é necessário que o Instituto Butantan envie um relatório à Agência e que o órgão aprove o uso do imunizante.
De acordo com o Butantan, a previsão é que as informações sejam enviadas ainda em dezembro e que a Anvisa decida se a CoronaVac cumpre, ou não, todos os requisitos para aplicação até a primeira semana de janeiro.
Embates com o governo federal
Em outubro, o ministro da saúde, Eduardo Pazuello, chegou a anunciar, em uma reunião virtual com mais de 23 governadores, a compra do imunizante. Mas, menos de 24 horas depois, a aquisição foi desautorizada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em 1° de dezembro, o governo federal divulgou a estratégia “preliminar” para a vacinação dos brasileiros. Naquele calendário apresentado, a CoronaVac não foi citada pelo Ministério da Saúde.
No dia seguinte, a Anvisa disse que irá aceitar que empresas desenvolvedoras de vacinas contra a Covid-19 solicitem o “uso emergencial” no Brasil e divulgou os requisitos para o pedido.
Por conta dos embates políticos, o governo de São Paulo oficializou o programa de vacinação estadual, que será realizado sem apoio do governo federal.
Número mínimo de infectados
No final de novembro, o estudo da fase 3 da CoronaVac atingiu o número mínimo de infectados pela Covid-19 necessário para o início da fase final de testes.
A etapa permite a abertura do estudo e a análise interina dos resultados do imunizante. A expectativa é a de que os dados sejam divulgados pelo governo paulista nas próximas semanas.
Resposta imune e segurança
Um estudo feito com 743 pacientes apontou que a CoronaVac mostrou segurança e resposta imune satisfatória durante as fases 1 e 2 de testes.
A fase 2 dos testes de uma vacina verifica a segurança e a capacidade de gerar uma resposta do sistema de defesa. Normalmente, ela é feita com centenas de voluntários. Já a fase 1 é feita em dezenas de pessoas, e a 3, em milhares. É na fase 3, a atual, que é medida a eficácia da vacina.