De acordo com informações da delação do advogado Bruno Donato, que foram repercutidas neste sábado (20) no Blog do Suetoni Souto Maior, o irmão do ex-governador Ricardo Coutinho, Coriolano Coutinho, que está preso no âmbito da Operação Calvário, seria um ‘super gerente’ do esquemas fraudulento que desviou milhões dos cofres públicos da Paraíba.
Conforme a reportagem Coriolano foi citado como peça-chave no suposto esquema de propina envolvendo contratos do governo do Estado nas áreas de saúde e educação. Há ainda relatos que permeiam operações não republicanas em contratos do programa Empreender-PB, usado, segundo a delação, para irrigar campanhas eleitorais através do uso de laranjas.
O conteúdo das denúncias ainda teria sido entregue ao Gaeco. A delação foi formulada em janeiro do ano passado, a pedido do próprio Bruno.
Trechos do relato apontam que Bruno se tornou próximo de Pietro Harley, que, segundo a delação, funcionava como grande intermediário na compra de material didático vendido ao governo do Estado. A indicação para o cargo de advogado do empresário teria sido feita por Coriolano, que chegou a usar Bruno Donato como “menino de recado” para fazer ameaças veladas, em 2012, ao então secretário de Saúde, Waldson de Souza. Waldson, segundo o relato, estaria segurando os processos de pagamentos de livro sobre a dengue.
“Ele perguntou porque Waldson estava segurando tanto o processo, e que ele tomasse cuidado, pois hoje ele era secretário, amanhã ele não poderia ser…”, diz trecho da delação de Bruno Donato.
Os contratos tinham a ver com o fornecimento de livro sobre o enfrentamento do surto de dengue, vendido pela editora DCL, por intermédio de Pietro Harley. O caso, na época, gerou desconforto após denúncia feita pelo então deputado federal Manoel Júnior (SD), hoje prefeito de Pedras de Fogo, porém não teve continuidade por causa de questionamentos de CGU, MPF e PF.
Ainda conforme o Blog do Suetoni a delação insere vários personagens da política paraibana no suposto esquema, com maior ou menor envolvimento, mas Pietro Harley, Edvaldo Rosas e Coriolano são personagens centrais, junto com Waldson de Souza.
Ainda é citado um episódio de um pagamento de propina remetida por Harley por Bruno Donato para ser entregue a Waldson e Edvaldo Rosas e que na entrega, segundo o relato, Edvaldo pega os R$ 90 mil e diz que deixará a parte dele em casa.
Waldson então teria lembrado a Edvaldo que o dinheiro seria para a campanha de Estela Bezerra (PSB), em 2012, na disputa pela prefeitura de João Pessoa e ouve então, que era pouco dinheiro e que não faria falta. Há informações também de que parte do dinheiro de propinas teria sido usado, também, para pagar prefeitos no Sertão. Entre os citados na entrega de dinheiro, aparece também o deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB), que até o ano passado era líder do governo na Assembleia.