Caso Guilherme: após suicídio de estudante criticado durante defesa de TCC, psicóloga paraibana orienta sobre cuidados com saúde mental

Em entrevista nesta quinta-feira (14), a psicóloga Renata Toscano destacou a existência de cuidados para o domínio de gatilhos que possam desestabilizar o emocional das pessoas.

Críticas seguem tomando as redes sociais contra o corpo docente da Faculdade Baiana de Direito, após um estudante, de 24 anos, tirar a própria vida. Segundo amigos do jovem, ele não teria suportado a pressão e falas de uma das professoras da banca de sua defesa do trabalho de conclusão de curso (TCC), que teria sido estopim para a morte de jovem santoantoniense.

Em entrevista nesta quinta-feira (14), a psicóloga mestre em Neurociência e especialista em Saúde Mental, Renata Toscano, destacou a existência de cuidados para o domínio de gatilhos que possam desestabilizar o emocional das pessoas. “Os gatilhos emocionais podem ser pessoas, palavras, opiniões ou situações que desencadeiam uma reação emocional intensa e excessiva dentro de nós, pelo simples fato de ativar uma crença disfuncional já existente. Logo, uma pessoas com depressão, ou algum problema psicológico possui crenças disfuncionais de desvalor, desamor e/ou desamparo e quando vivenciam algum gatilho tudo se torna muito vivido e as emoções mais comuns quando esse gatilho é desencadeado são a raiva, tristeza, ansiedade e medo”, explicou.

Para a especialista, os fatores externos desses gatilhos são capazes de provocar “uma reação nas pessoas em virtude de ativação de uma crença. Ou seja, são estímulos que agem diretamente no nosso cérebro”, destacando também que existem meios de combate “a rede de apoio é fundamental, costumo dizer que é um divisor de água na vida de alguém que sofre com a ideação suicida”, disse.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 72% das pessoas que trabalham são acometidos por ansiedade no trabalho que podem estar relacionado a pressão e assédio, “e isso não é tão diferente no contexto acadêmico. E se a pessoa tiver um perfil de autocobrança isso só se agrava”, destacou.

“A família pode ajudar com muito afeto, fazendo-a sentir-se amada, ajudá-la na conscientização da sua necessidade de obter ajuda, dando atenção e ouvindo o que a pessoa tem a dizer, acolhendo-o e tentando entender que ele está passando por um problema de saúde, e não “fraqueza ou falta de vontade”. Esse tipo de preconceito apenas contribui para a falta de tratamento e o consequente agravamento do quadro. É muito importante incentivar a  pessoa a procurar um psicólogo e/ou psiquiatra.

Renata considera ainda que nessas situações de gatilhos, a importância do acompanhamento psicológico ou outra forma de fazer um ‘asseio’ na saúde mental para quem está em depressão, sem perspectivas de futuro ou outro tipo de crise existencial é fundamental. “O acompanhamento psicológico possibilita o autoconhecimento, a solução de conflitos e a melhora gradativa da saúde mental. Psicoterapia é para os fortes, é um ato de coragem, pois o processo pode ser doloroso, pois muitas vezes é doloroso mexer nas angústias e naquilo que nos faz sofrer”, lembrou.

“A saúde mental na nossa atualidade é um assunto que vem tomando grande evidência, mas ainda assim, há preconceito. Pois a sociedade não ver a saúde mental como um estado de bem-estar, mas de “frescura” e loucura. E não percebem que é através dela que a pessoa consegue desenvolver suas habilidades pessoais, aprende a lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e tem sentido de vida”, avaliou.

A especialista elenca uma série de pontos a serem desenvolvimentos para lidar com os gatilhos no dia a dia. “Algumas práticas que podem auxiliar na construção da saúde mental no dia a dia é ser um pouco egoísta e se colocar em 1º lugar, pensar mais em você, se permita fazer algo que gosta e que pode lhe trazer felicidade (andar de bike, assistir séries), se afaste de pessoas tóxicas; reflita sobre sua vida: o que está fazendo em prol dos seus sonhos, será que você está se esforçando o suficiente para as coisas que tanto quer acontecem?; diminua o acesso às redes sócias, ficar mais off-line e viver a vida real; se exercite todos os dias, escolha um esporte ou algum outros exercício que seja do seu gosto e o pratique; busque ajuda profissional, dê preferência um psicólogo, ele pode te ajudar a organizar sua vida e administrar suas emoções”, destacou.

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Ligue 188.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui