Enchentes nos EUA deixam 5 mortos e 2 crianças desaparecidas, incluindo bebê de 9 meses

Cientistas e órgãos especialistas em clima dizem que o aquecimento causado por combustíveis fósseis já provoca e intensifica eventos extremos como os vistos nos EUA

Uma tempestade que atingiu o nordeste dos Estados Unidos no sábado (15) matou pelo menos cinco pessoas no estado da Pensilvânia e deixou duas crianças –uma de 2 anos e outra de 9 meses– desaparecidas.

“Continuamos procurando as duas crianças”, disse em uma entrevista coletiva Tim Brewer, chefe dos bombeiros de Upper Makefield Township, cidade onde as buscas ocorrem. “Não vamos desistir de forma alguma.” De acordo com o oficial, no sábado caíram quase 17 cm de chuva no Condado de Bucks, onde fica o município, em 45 minutos –volume suficiente para causar inundações e arrastar veículos pela cidade.

No domingo (16), a governadora de Nova York, Kathy Hochul, pediu aos moradores de seu estado que evitassem viajar enquanto as chuvas persistissem. “Seu carro pode ir de um local seguro para um local mortal”, afirmou a democrata.

O retorno às atividades normais pode demorar. A expectativa era de que as chuvas dessem trégua nesta segunda-feira (17) após deixar um rastro de destruição em grande parte do nordeste nos últimos dias, especialmente em Vermont. De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, porém, o clima deve continuar como está por dias ou semanas.

Enquanto isso, mais de 80 milhões de americanos, um quarto da população dos EUA, estavam sob alerta de calor extremo neste domingo. A onda de calor afeta oeste, sul e sudeste do país, em meio a temperaturas globais recordes nos últimos dias –primeira semana de julho foi a semana mais quente já registrada no mundo.

O desértico Vale da Morte, na Califórnia, atingiu a marca de 53°C no domingo, de acordo com o órgão de meteorologia, embora o famoso painel de temperatura de Furnace Creek mostrasse 56°C. Em julho de 1913, o mostrador exibiu a temperatura mais quente já registrada na Terra: 56,7°C .

Cerca de 20 turistas se reuniram em torno da placa na expectativa de ver um novo recorde, enquanto guardas do Parque Nacional dos EUA observavam os visitantes, a postos para o caso de alguém sucumbir ao calor. “Acho que seria muito legal estar aqui no dia mais quente da Terra”, disse Kayla Hill, 24, do estado de Utah.

Os moradores de Phoenix, capital do Arizona, no sudoeste, passaram pelo 17º dia consecutivo com temperaturas acima dos 43°C e, nesta terça-feira (18), esperam igualar o recorde de junho de 1974, quando a cidade teve 18 dias seguidos com tal marca. As mortes relacionadas ao calor no condado de Maricopa, onde fica Phoenix, aumentaram nos últimos anos, passando de 338 em 2021 para 425 em 2022. Até agora, este ano registrou 12 mortes relacionadas ao calor, e 55 ainda estão sob investigação.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia, níveis de calor recordes provavelmente serão registrados também em todo o sudoeste. Já no noroeste, a previsão é que os termômetros cheguem a 43°C –cenário particularmente perigoso para uma área não tão acostumada ao calor excessivo, já que muitas casas não têm ar condicionado.

Cientistas e órgãos especialistas em clima dizem que o aquecimento causado por combustíveis fósseis já provoca e intensifica eventos extremos como os vistos nos EUA nos últimos dias e alertam que o mundo precisa reduzir drasticamente as emissões de carbono para evitar uma catástrofe.

Incêndios provocados pelo calor já destruíram mais de 1.200 hectares no sul da Califórnia. No Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos desde o início do ano, número muito superior ao registrado em 2022. Autoridades registraram neste domingo mais de 900 focos ativos, sendo que 570 deles estão fora de controle, segundo o Centro Interagências Canadense de Incêndios Florestais.

Outros países do Hemisfério Norte também enfrentam ondas de calor intensas. Na Itália, 16 cidades estão sob alerta vermelho, com máximas que variam de 36°C a 37°C. Na Espanha, a agência meteorológica emitiu alertas para temperaturas de 38°C a 42°C em várias regiões do país, além de um alerta vermelho (perigo extremo) para áreas da Andaluzia e Aragón, Catalunha e Mallorca, onde as temperaturas podem chegar a 44°C.

No verão do ano passado, mais de 60 mil pessoas morreram em consequência de temperaturas extremas apenas na Europa, indicou um estudo recente. Nesta semana, um anticiclone apelidado de Caronte pode fazer a Europa quebrar sua temperatura mais alta registrada, 48,8°C, possivelmente na ilha italiana da Sardenha.

No Japão, autoridades emitiram alerta para o risco de insolação em 20 dos 47 províncias do país devido a temperaturas próximas de 40ºC. Na China, as altas temperaturas estão ameaçando redes elétricas e plantações e levantando preocupações sobre uma nova seca como a do ano passado –a mais severa em 60 anos. Sanbao, uma cidade remota no noroeste árido do país, registrou um recorde nacional de 52,2°C no fim de semana.

Na Coreia do Sul, chuvas torrenciais deixaram 40 pessoas mortas após diques de rios desabarem, causando inundações repentinas.

“Em muitas partes do mundo, prevê-se que hoje seja o dia mais quente já registrado”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, nesta segunda. “A crise climática não é um aviso. Está acontecendo. Exorto os líderes mundiais a agir agora.”

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