Sérgio Queiroz é tido como “mais viável” do grupo Bolsonaro para prefeitura de João Pessoa

O Pastor Sérgio Queiroz, secretário nacional de Proteção Global, cargo vinculado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, é visto como o nome mais viável para concorrer à prefeitura de João Pessoa pelo grupo do presidente Jair Bolsonaro. A informação está publicada em matéria de O Globo deste domingo, 16. Sérgio é um dos fundadores da Fundação Cidade Viva e procurador da Fazenda. Confira a íntegra:

São Paulo — Na disputa presidencial de 2018, foram os votos do Nordeste que impediram Jair Bolsonaro de conseguir uma vitória acachapante já no primeiro turno. No ano passado, os governadores da região protagonizaram duros embates com o novo presidente e se consolidaram como um núcleo de oposição. Bolsonaristas, porém, enxergam na eleição municipal deste ano uma oportunidade de mudar, ao menos em parte, esse cenário.

As principais esperanças de furar a bolha da esquerda e fincar o pé no Nordeste estão nas cidades em que Bolsonaro venceu Fernando Haddad (PT) na disputa de 2018. Apesar da ampla vitória do petista na região no segundo turno da eleição (69,7% a 30,3%), o atual presidente se saiu melhor em três capitais: Natal, Maceió e João Pessoa.

Lideranças da esquerda dos estados dessas três cidades admitem que candidatos de Bolsonaro são uma ameaça. Lembram, porém, que os aliados do presidente podem se perder na dificuldade para viabilizar o novo partido, o Aliança pelo Brasil, e nas disputas internas dentro do próprio grupo pelo posto de candidato. Colocam em dúvida também a disposição de Bolsonaro de se envolver nos pleitos.

Grandes centros

De maneira geral, o atual presidente teve um desempenho melhor nas capitais e cidades grandes do que nas cidades pequenas do Nordeste, o que melhora as perspectivas dos bolsonaristas nesses municípios.

— Quanto menor a dependência das políticas de assistência promovidas pelo Estado, maiores os votos no Bolsonaro. Há também rejeição dos indivíduos com maior renda, que se concentram nas capitais, ao PT — explica o cientista político Ranulfo Paranhos, professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Os aliados do presidente no Nordeste reconhecem que a conquista de uma capital na região seria importante para os planos futuros de Bolsonaro.

— A região é muito importante para a formação do partido e também para o futuro da direita conversadora no Brasil — diz o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, principal articulador para viabilizar o Aliança no Nordeste.

— Certamente uma vitória em qualquer capital do Nordeste tem um peso maior porque a política foi feita para que os nordestinos tivessem uma simpatia maior pela esquerda e pelo PT — acrescenta o deputado estadual Cabo Bebeto (PSL), que trabalha pela criação do Aliança em Alagoas.

Bebeto alimenta a esperança de ser o candidato do novo partido de Bolsonaro em Maceió, caso a legenda consiga obter o registro na Justiça Eleitoral a tempo de poder disputar a eleição. Policial militar, ele está em seu primeiro mandato.

Ao se vincular ao presidente em 2018, acabou sendo o candidato do PSL à Assembleia local com melhor desempenho, com 31.573 votos, mas foi apenas o 12º colocado no computo geral.

Foi em Maceió que Bolsonaro conseguiu o seu melhor desempenho na disputa com Haddad no Nordeste. O então candidato do PSL obteve 61,6% dos votos válidos no segundo turno na capital alagoana e o petista, 28,4%. No estado como um todo, Haddad venceu por 59,9% a 40,1%.

Na disputa para o governo, Renan Filho (MDB) foi reeleito em uma chapa que tinha apoio do PT, com 77,3% dos votos.

O bom retrospecto do presidente em Maceió faz até com que o líder local do PSL, partido com o qual o atual presidente rompeu no ano passado, alimente a esperança de surfar a onda bolsonarista.

— A direita não pode ficar à espera de um partido que não vai ficar pronto. Entendemos que naturalmente esse voto virá para nós — diz Flavio Moreno, presidente do PSL local.

Maceió é comandada pelo PSDB. O prefeito Rui Palmeira está no segundo mandato e não pode mais concorrer. Ele tem tido embates com o seu partido para definir um sucessor, o que pode facilitar o caminho dos bolsonaristas. Renan Filho deve apoiar o procurador-geral do estado, Alfredo Gaspar. O PT definirá seu candidato em uma prévia.

Em João Pessoa, onde o presidente teve 54,8% dos votos válidos no segundo turno de 2018, há uma disputa acirrada no campo bolsonarista.

O deputado estadual Cabo Gilberto Silva (PSL), que participa das articulações do Aliança no estado, tenta se viabilizar, mas o seu baixo desempenho na eleição de 2018, quando foi apenas o 31º mais votado para Assembleia local, é visto como empecilho. O pastor Sérgio Queiroz, secretário nacional de Proteção Global, cargo vinculado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, é visto como um nome mais viável.

A Paraíba é governada por João Azevêdo, que se elegeu pelo PSB com apoio do PT, mas rompeu com o partido e vai ingressar no Cidadania. O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) deve concorrer à prefeitura de João Pessoa. O atual prefeito Luciano Cartaxo (PV) ainda não decidiu quem irá apoiar.

Em Natal, o grupo que trabalha para criar o Aliança conta com um deputado federal, o general Girão (PSL), que tenta se colocar como candidato:

— Pretendo cumprir meu mandato. Mas se houver um pedido, poderemos avaliar.

Bolsonaro teve 53% dos votos válidos na cidade no segundo turno de 2018. O estado ficou com a petista Fátima Bezerra.

A cúpula nacional do PT quer ver a deputada federal mais jovem de sua bancada, Natália Bonavides, de 31 anos, como candidata, mas ela só admite entrar na disputa se houver uma ameaça real de vitória da direita.

— Sabemos que o Bolsonaro vai tentar uma ofensiva no Nordeste porque ele sempre se incomodou com a derrota na região — diz a parlamentar petista.

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